PODRIDÃO!!...


Uma tática velha, conhecidissima, de todo o culpado, é arranjar um meio de se
apresentar ante a opinião pública, como vitima. É o que faz, mais uma vez, esse sabi-
dório Osvaldo Paulino Vitória, tentando, num folhetote, justificar o injustificável apo-
drecimento de dezenas de sacos de milho, de trigo, de alimentos, destinados pelo povo
norte-americano ao Brasil. Nos próprios sacos está escrito, em inglês e português, o se-
guinte: “Do povo norte-americano para o Brasil”.
Nas mãos de Ederval Neri tal apodrecimento não teria acontecido. Razão de
ordem burocràtica não justificam aquele apodrecimento revelador de mentalidade estú-
pida e desumana. Seus lero-lero, Osvaldo, naquele folhetote mambembe pode tapiar a-
penas os bobos; e revela a sua intenção de bancar a vitima, no pressuposto de que,
assim, ainda seja possivel continuar a enganar, iludir, ludibriar este povo sofrido e can-
sado de suas mistificações repugnantes. Acontece, Osvaldo, que este povo já sabe que
você arrecadou em 1966, quase cento e cinco milhões de cruzeiros e não construiu coi-
sa nenhuma. Em lugar de deixar obras que justificassem o sumiço de todos esses mi-
lhões, o que você deixou foram montanhas de papel na Prefeitura com recibos assina-
dos por Vicente do Arroz, Dr. José Modesto e outros que tais. O que o povo ainda não
sabe, mais vai saber agora, é que, de novembro 1966 mês da eleição, a 7 de abril de
1967, dia da posse de Neri, você arrecadou mais de 55 milhões de cruzeiros e não dei-
xou u m centavo de saldo! Deu sumiço a toda essa dinheirama sem o povo ver em que!
Outra que o povo não sabe, mais vai sabe agora, é que a dotação orçamentária
para despesas com viagem do Prefeito é, para 1967, de quinhentos mil cruzeiros e você,
em apenas 3 meses deste ano, apresentou recibos de tal despesas num total de um
milhão e sessenta e cinco mil cruzeiros! E ainda tem a petulância, o atrevimento de
arrotar dignidade quanto acusa adversários de “atacar a dignidade alheia” e quando
se diz “injuriado e caluniado” por seus adversarios. Sempre a preocupação de bancar
vitima e arrotar honestidade! Aliás, esta preocupação de arrotar honestidade própria é
caracteristica psicológica de todos os desonestos.
Quando seus adaversários afirmam que você arrecadou 104 milhões e oitocentos
e tantos mil cruzeiros em 1966 e não realizou coisa nenhuma, não estão caluniando,
estão afirmando fatos dos quais o próprio povo está sendo testemunho. Quando afir-
mam que em 3 meses apenas você devorou mais do dôbro de uma verba para o ano
todo de 1967, também não estão caluniando! Caluniando está você quando acusa seus
adversários de caluniadores. Quando seus adversários afirmam que Vicente do Arroz
nunca foi proprietário de carro de praça para que justifique sua assinatura em recibos
de “despesas com trabalhos” de um carro para a prefeitura, não estão caluniando. Os
acusados de caluniadores desafiam você para provar que qualquer destas ou de outras
afirmações que fazem são calunias. Se você não atender a este desafio, fica automati-
camente provado, perante a opinião pública, que caluniador é você, quando acuas seus
adversários de caluniadores.
No seu folheteto você diz que está “habituado a respeitar o povo de minha ter-
ra”. Arrecadar quase 105 milhões em um ano e não realizar coisa nenhuma não signi-
fica respeitar este povo. Deixar que os jardins, as praças públicas, a cidade toda se
transformassem em campo de criação de jumentos e porcos e galinhas, não significa
respeitar este povo; apresentar recibos de despesas com gratificações a José Modesto,
entre os quais um de quinhentos contos, não significa respeitar este povo ao qual vo-
cê se refere com dengues melosos de demagogo chamando-o de “meu povo”. Mas não
adiantarão seus dengues. Este povo já lhe disse, em 15 de novembro, pela boca das ur-
nas, que está acordado para suas delicadezas de santo de pau ôco. Pode continuar bo-
tando melaço nas bajulações demagógicas a este povo que, graças a Deus, já acordou.
Pode chama-lo não apenas de “meu povo”, pode chama-lo de “meu queri-
do”, “meu bem querer”, “meu xodó”, “meu torrãozinho de açucar", e nem assim com-
seguirá que este povo volte a cair em seu abraço de tamanduá!
Osvaldo: eu gostaria de me dirigir a você em palavras brandas, palavras de
concórdia e paz; ou, pelo menos, adotar o silêncio num esforço para algum possivel
perdão. Mas com o seu conhecido espírito de ódio, e rançar, de vingança, de inconfor-
mismo com a derrota, agredindo os homens mais representativas da sociedade mundo-
novense, com o xingamento de caluniadores, não é possivel a paz. Só nos resta, pois,
transformar a nossa pena em maquina fotográfica para fotografar e exibir em crônicas
como esta, as podridões marcantes de sua passagem pelo poder em nosso municipio,
para grande vergonha desta terra.
Aquela podridão exposta na calçada da Prefeitura naquele sábado de 15 do cor-
rente, Osvaldo, adquiriu um sentido simbólico: símbolo de ruína e podridão de seu te-
nebroso dominio nesta terra. Já agora, graças a Deus, entregue às mãos jovens e hon-
radas de um HONESTO DE SORTE.
Passou, graças a Deus, o período da podridão!

MUNDO NOVO, 22/4/967. ISTO É QUE É FARINHA DO MESMO SACO
A folha mede 215 milímetros de largura por 315 milímetros de altura. O papel é de baixa gramatura, alta lisura e apresenta bom estado de conservação, apenas pouco amarelado. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis e o layout é simples com pouca variação de tamanhos e tipos de letras, linhas longas sem espaço especial entre parágrafos. Há dois exemplares desse panfleto.