A Edição

A edição digital dos panfletos de Eulálio Motta baseia-se na concepção de hiperedição que, segundo o filólogo estadunidense Jerome McGann (1997), consiste numa hipermídia capaz de incluir no mesmo ambiente as edições convencionais (crítica, diplomática, fac-símilada, etc.), integradas a diversos tipos de documentos iconográficos, filmográficos, sonoros e textuais, com recursos de zoom, hipertexto e animação.

Esse modelo de edição somente se efetiva no meio digital e, no caso da edição dos panfletos de Eulálio Motta, estruturou-se um arquivo digital em formato de site publicado na Web. A tecnologia utilizada nessa edição não permite a sua publicação através de mídias como CDs ou DVDs. Desse modo, a Internet surge como uma alternativa para ampla divulgação de edições digitais, empreendendo uma nova dinâmica às edições de textos.

Os panfletos de Eulálio Motta foram preservados pelo escritor em seu arquivo pessoal e mantêm uma relação intrínseca com outros documentos desse acervo, com acontecimentos da vida do escritor e com circunstâncias históricas específicas. Sem esses elementos, os sentidos dos panfletos ficam prejudicados.

No acervo do escritor, constam cartas, fotografias, cartões, manuscritos, datiloscritos, cadernos, listas com anotações, livros com notas marginas, documentos pessoais e uma infinidade de documentos que se relacionam com os panfletos. Essa documentação é a fonte, talvez a única, que possibilita conhecer a história de vida do escritor e, consequentemente, os diferentes contextos em que os panfletos foram escritos. Além de esboçar o modo de produção, circulação e apropriação desses textos.
Por isso, o acervo do escritor é o locus potencial dos panfletos, onde é possível apreender os seus sentidos.

A edição digital dos panfletos explora a documentação paratextual do acervo, com o objetivo de preservar os seus códigos linguísticos, bibliográficos e contextuais.

Isso exigiu a aplicação de um método interdisciplinar que envolveu:

1- O estudo do acervo como lugar de memória, onde se manifestam as identidades do sujeito que o constituiu, produzindo uma imagem de si;

2- A memória literária, através do estudo de documentos de fonte primária do acervo de um escrito não canônico do sertão baiano, indispensável para se constituir uma história da literatura mais justa;

3- A arquivística e o tratamento de acervos, necessários para a organização e sistematização dos documentos com vista à edição;

4- A historia cultural das práticas que se ampara da nova história cultural, na sociologia dos textos e na história da cultura escrita, para entender como o código escrito foi utilizado em determinados contextos, tendo como cerne da discussão as práticas de produção, circulação e apropriação dos textos;

5- A crítica textual que é indispensável em qualquer atividade de edição de texto; e

6- A informática humanística aplicada à edição de textos e que ainda se encontra em vias de desenvolvimento de um corpus teórico.

A edição digital dos panfletos de Eulálio Motta segue, na medida do possível, as Orientações Preliminares para Edições Digitiais propostas pelo Comitê de Edições Eruditas da Modern Language Association.

Essas orientações foram apresentadas por Peter Shillingsburg em 1993.

Assim, apresentam-se o fac-símile dos textos, a transcrição linear, a edição crítica, uma transcrição sobreposta ao fac-símile, uma versão para imprimir, a descrição física do panfleto com informações sobre sua materialidade. Além disso, a edição traz um dossiê arquivístico com documentos do acervo que se relacionam ao panfleto e informações diversas sobre o contexto de escrita dos textos.

É possível assistir a um vídeo com trecho de uma entrevista, visualizar os fac-símiles com recursos de zoom e acessar informações através de
hiperlinks,
conforme o interesse do usuário.

Índice dos Panfletos

1949

1960

1962

1964

1966

1969

1970

1971

1972

1973

1975

1977

1978

1980

1981

1983

1986

1988

Sem Data