SEXTO ANIVERSÁRIO
Meu patrício deste município, desta região, dêste pedaço de chão da Bahia.
Minha conversa nesta data, 31 de março de 1970, 6º aniversário da Revolução,
é para você. Quero lhe dizer o seguinte: se você quinze continuar vivendo aqui,
é livre para continuar; se quizer arribar para São Paulo ou Paraná ou qualquer
outro canto do Brasil ou do mundo, é livre para arribar. Se é católico e quer
continuar católico, é livre para continuar; se quizer virar protestante ou espirita ou
budista ou ateu, é livre para virar. Se é lavrador e quizer continuar lavrador,
é livre para continuar; se quizer deixar de ser lavrador para ser sapateiro ou fu-
nileiro ou engraxate ou bacharel ou o que quizer, é livre para deixar. Se quizer
botar uma taboca aqui ou ali ou acolá dentro dos regulamentos legais, é livre pa-
ra botar. Se é solteiro e quer continuar a ser solteiro, é livre para continuar.
Se quizer pegar suas economias e esperdiçá-las comprando besteiras, é livre para
fazer esta besteira.
Pois bem meu patrício: você estava ameaçado de perder todas estas liberdades
fundamentais, sem as quais não há respeito à pessoa humana, à dignidade da pes-
soa humana. Estava ameaçado de perdê-las porque uma farsa chamada liberal
democracia que permitia liberdades perniciosas estava sendo instrumento de avan-
ço do comunismo que tiraria de todos nós a felicidade de viveremos com todas
estas liberdades fundamentais com todo o respeito á dignidade da pessoa humana,
restabelecido pela Revolução. Pela mão da democracia liberal, o comunismo se
infiltrava fazendo greves ilícitas, semeando ódio de classes, desrespeitando e agre-
dindo o principio de autoridade, com passeatas e violências depredando casas co-
merciais, incendiando automoveis, espalhando o pânico, perturbando toda a vida
nacional, com a conivência de governantes indignos, dos Jangos “et caterva”.
Foi então que a familia brasileira saiu á rua de terços nas mãos e preces nos lá-
bios, apelando para Deus e para os homens de conciência, pedindo um ponto fi-
nal a tão grave ameaça à nossa liberdade, à nossa vida, à nossas mais caras
tradições de religião, de Pátria e família. E as forças armadas da Pátria não fo-
ram surdas às preces da família brasileira.
E foi então que aconteceu aquêle providencial 31 de março de 1964, que che-
gou como uma resposta de Deus àquelas preces.
Os responsáveis por aqueles crimes foram punidos com exílio e cassações de
mandatos e direitos políticos. A ausência daqueles criminosos na vida ativa do
Brasil, deu nisto que estamos vendo: paz, trabalho, esperança em dias melhores,
quando forem sanados os males deixados por aquêles criminosos.
Queremos registrar, nestas linhas, a nossa gratidão às gloriosas forças armadas
do Brasil a manutenção de nossa liberdade, de nossa democracia, que não se
confundem com a liberdade e a democracia dos maus que querem liberdade para
publicarem e defenderem o “direito” de publicação de pornografias. Liberdade pa-
ra passeata de desordeiros. Liberdade para greves ilegais, para desrespeitos do
principio da autoridade, para implantação da anarquia em favor do comunismo.
Leio num jornal de 27 do corrente um artigo de conhecido sujeito setentão de
{†} erudição e cultura, artigo com ares de prece, no qual êle diz: “Há seis
{†}mo em vão pela anistia”. Não me contive e exclamei: que velho des-
{†}iná o artigo apelando pateticamente para Deus, como se Deus aten-
{†}de quem pede o mal!
{†}er àquêle velho, o seguinte: estamos muito satisfeitos com este re-
{†}devolução que restabeleceu a garantia de nossa liberdade, de nos-
{†}ão queremos e Deus não quer anistia para pecadores que não
{†}pedem perdão.
{†}abençoando a grande Revolução redentora, sem anistias nem
{†}com Satanás!
{†} 31 de março de 1970.
EULÁLIO MOTTA.
A folha mede 165 milímetros de largura por 240 milímetros de altura. O papel é de baixa gramatura, alta lisura e se nota certo amarelamento da folha. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis. O layout é simples com poucas variações de tamanhos e tipos de letras, as linhas são longas e não há espaço especial entre parágrafos. O tipógrafo utilizou aspas invertidas em alguns momentos do texto. Foi preservado apenas um exemplar desse panfleto. No canto inferior direito o papel foi rasgado comprometendo parte do texto (linhas 41 a 52).