DATA HISTÓRICA
15 de Novembro de 1966. Este dia ficará na História de meu
Município como data histórica, memorável, inesquecível. Outras datas de outras elei-
ções passaram, não ficaram na lembrança da terra, na memória da gente. Esta não
passará.
Porque marcou a queda de um domínio de 16 anos do antigo pessedismo.
Sendo oito anos de domínio pessoal de um prefeito que se revelou inimigo gratuito da
classe dos fazendeiros nesta terra de fazendeiros. Gabava-se de vencedor dos “bur-
guêses” como se burguês êle não fosse.
Na Capital do Estado, a gabolice de “vencedor dos burgueses” era prato
favorito na mêsa de seus cavacos.
Inimigo de nossa Associação Rural; inimigo, do “Ginásio de Mundo Novo”,
tendo os filhos em ginásio, de fora, inclusive de Salvador; inimigo, conseqüentemente,
da sociedade mundonovense, motivado a estagnação da terra, esta ausência de pro-
gresso, esta tristeza em que se vive, com o divórcio entre o poder local e a socie-
dade mundonovense; divórcio que causou a impossibilidade de entendimento do
Município com o Governo Estadual, o que redundou neste desastre: ─ ter sido o
Governo Lomanto Júnior um dos piores governos bahianos com relação a Mundo
Novo, sem culpa do Governador.
15 de Novembro de 1966 marca o fim deste período de trevas
para nossa terra. Período de demagogia repugnante que se utilizava do descarado
“slogan” “do tostão contra o milhão”, numa tentativa subversiva de fazer luta de
classe em nossa terra, jogando pobre contra ricos, empregados contra empregadores,
com objetivos eleitoreiros. Mas os pobres que nada lucraram e viram o enriqueci-
mento de demagogos que os exploravam mascarados de “amigos dos pobres”, se
utilizaram do voto para demonstrar que não podem ser enganados por tempo indefi-
nido. E deram um BASTA! á safadeza, tirando ao demagogo os 422 votos de
vantagem que lhe deram na eleição passada, e dando, ainda, 432 votos de frente ao
jovem fazendeiro, trabalhador e honesto, Ederval Neri. O que se julgava invencivel,
foi, assim, arrasado: os 422 votos de sua vitória de ontem, com os 435 de sua der-
rota de hoje significam: uma derrota de 857 votos num pleito de pouco menos de 3.500
eleitores! Vantagem de 857 votos em favor da verdade contra a impostura!
Que os vencedores saibam viver com o povo, dando-lhe vida social, assis-
tência que nunca teve, que jamais recebeu da demagogia. E nunca mais a demagogia
terá vez nesta terra.
Um amigo B disse a um amigo A:
─ O poderio econômico de Mundo Novo se uniu, fortemente, esmagando o
meu compadre!
E o amigo A respondeu:
─ Não compramos nenhum voto! Não aceitamos sequer os chamados
“auxílios financeiros” de candidatos a deputados. Mas para irmos de vila em vila,
de povoado em povoado, de casa em casa de eleitores, em tempo tão curto, afim de
levar-lhes a palavra de fé na renovação, tínhamos que fazer despesas e fizemos.
Mas foi despesa feita com dinheiro honrado, dinheiro ganho honestamente, com tra-
balho, com suor. Não foi, como no passado, dinheiro de Zé Barriquinha comprando
votos, dinheiro sujo de escroque, dinheiro de quem vendeu urubu por galinha.
15 de novembro de 1966: ─ fim de uma era de trevas, de esta-
gnação, de mediocridade arrogante e rancorosa dominando, amesquinhando, espezi-
nhando, pisoteando. Que a nova era seja de claridade, de paz, de inteligência, de
seriedade, de justiça para todos, de aproveitamento de todos os bons, de todos os
úteis, inclusive dos que ainda ficaram com a demagogia, enganados, iludidos, ludibri-
ados em sua boa fé. Que estes sejam bemvindos para o trabalho conjunto em bene-
fício de todos, sem distinção de vencidos e vencedores.
Que a mediocridade derrotada permaneça sepultada no pó da derrota per
omnia sécula seculorum... Requiescat in pace...
Um voto de louvor e gratidão: ─ á inteligência, cultura, dignidade, simplici-
dade, serenidade, objetividade; á luz que brilhou nesta batalha, iluminando o caminho
da vitória: HONORATO VIANA.
Mundo Novo, 23, 11, 1966 EULÁLIO MOTTA
A folha mede 175 milímetros de largura por 263 milímetros de altura. O papel é de alta gramatura, baixa lisura e bastante ácido, provocando o amarelamento da folha. O texto foi impresso em prensa de tipos móveis. O layout explora diferentes tamanhos se fonte, inclusive no corpo do texto dando destaque à data 15 de Novembro de 1966. As linhas são longas, com espaço especial entre parágrafos. Foi preservado apenas um exemplar desse panfleto.